sábado, 16 de fevereiro de 2008

A crise dos olhos

Crise?
Crise de quem?
Quem trouxe a crise?
Crise levou as palavras. Amém?
Quem é levado na verdade que traz a crise?
Agora! Crise! Basta! Alguém? (...)
Alguém na crise?
De tarja preta..
Na noite....

A banda marcha
Cantando o imperativo do golpe
Cega, marcha banda marcha
Também no dia escuro que vê além
Até aqui, fé que o amanhã vem
Fé na marcha que santo nao tem
Tem cego, sem surdos, sem mudos

O eco das exclamações
Nas minhas interrogações
Pedem todas as reticências
A Crise chega na frase e nas bocas
E os gritos me fazem fugir da forma
Assim pergunto....
Como rimar o desgosto?
E o poema fica feio
Porque a crise não acabou

Seria a Lua com quatros fases da crise?
Seria o céu cravado de crimes brilhantes?
Nem olhar pro alto consigo
A câmera olha.....
Viajando sentado pela noite
Consigo dobrar as esquinas da cidade
Ruas bem cuidadas, quase que planejadas
E foi na praça que fiquei parado
Com os olhos correndo na nossa cidade
A cidade da crise

Das palavras suas, meia-palavra
Que não é substantiva
É própria de habitantes adjetivos
Da cidade do prefeito único
Anunciando a terra do futuro
As cornetas, nos lugares podem tudo
E na avenida eu vi um mouro
Pensando dela a cidade do mundo

A minha voz sumiu nas suas praias
A crise é dos olhos que não são meus
Vem das suas grandes noites
Das sereias banhadas em água pura, que fede
Na cidade eu creio no cheiro ruim da beleza
Na noite sem voz, na missa sem domingo.

Quero acabar meu poema
Somente quando a acabar a crise
Quero inventar os meus versos
Assim como se inventa a crise
Durmo e acordo poeta
Na crise das quatro fases
De lua que passam na noite
E quando na cidade é dia
Eu paro e a poesia finda.