sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Interunesp 2007


Era pra ser o único. E foi. Era pra ser o último, não sei se vai ser. A Unesp provou mais uma vez que tem o maior e melhor jogos universitários do Brasil.

Quando eu era pequeno esperava o ano todo para chegar o natal para ver o papai noel e o ano novo para ver os fogos no céu. Cresci um pouco e e esse ano esperei novembro para ir para o interunesp. Esse ano em Franca, a estrada parecia que não acabava e foi quase no rabo de Minas que todo o chão que a gente andou valeu a pena.

Chegamos lá pelas 2h do feriado e tomamos até às 7h. Isso porque no meio da madrugada foi chegando toda a galera normalzinha do ônibus. Show de bola, disputamos até 100m com barreiras sem barreiras no meio do alojas. Mas esse ano, a gente ficou em um hotel-pousadinha bem massa, tinha até salsicha e ovos mexidos parecidos com arroz no café, e além de tudo teve um dia que a gente tomou café com o nego do Jammil. Jammil, mas conhecido como Jammilton, falava pouco e acho que não gostou de ser chamado pelo seu nome de batismo.

E o interunesp de dia?? Muito loko! A tenda (sem teto) ficou cheia, tinha muita mulher bonita, pinguço e um trio-elétrico bem grande que não andava, mas tocava todo tipo de música. Tão eclético que me me pegou no auge da surpresa. Estava lá Sandrão mostrando o porque de ser o DJ revelação do interunesp, quando do nada é retirado ao som de "fada querida" por dois chapeludos. A havaiana queria voar viu....mas era interunesp, a gente entende tudo...ou não entende nada.

A parte dos jogos foi na lógica. Bauru nas cabeças, apesar do xadrez esse ano não ter ganhado. As horas mais marcantes porém, foi no desafio das baterias e quando Bauru foi campeão. A parte dos desafios, quem tava lá viu! Arrepiou até o dedão do pé. Ginásio lotado com todos os campi cantando e fazendo hola, praticamente um arco-íris de bata. Já quando Bauru foi campeão, sem comentários, quase tomei um chão na arquibancada.

E o interunesp de noite?? Muito loko! Só que esse ae eu não lembro de muita coisa não, só do meu tênis que foi pro lixo, minha caneca que foi pro saco, de toda a galera (lembro de todo mundo!) e do montinho que eu tomei no último dia. Aliás deu pra toma tudo....tombo, cerveja e ducha quentinha no hotel.

Era pra ser o meu último....não sei se vai ser. Talvez seja como na música...

I'm gonna try with a little help from my friends......

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

O gato e o besouro


Exatamente ás 6 horas da manhã do dia 24 de dezembro eu acordei. Talvez o ar de um dia de Natal não deixou eu voltar a dormir. Engraçado não querer dormir as seis? Ah, se eu ainda tivesse o luxo de escolher o dia de perder o sono ao azul escuro das seis...Pensei em ir às pedras mas estava garoando, e eu não estava tão acordado assim.

Resolvi então ficar na sala comendo bolo e imaginando que na mesma hora do amanhã, eu estaria dormindo ou comendo a salada de fruta da ceia. Percebi também, que tinha lembrado dos meus sonhos. Quase nunca lembro, e assim fui buscá-lo na esperança de dormir e sonhar de novo. Até que estava curioso o estado do silêncio. O vermelhão das luizinhas junto com o céu cada vez mais azul claro, pensei até em abrir uma cerveja.Foi então que descobri que eu não era o único acordado. O papai noel poderia estar, mas não era ele....era o meu gato.

Estava embaixo da árvore de natal, estático, com a pupila do tamanho de uma bolinha de gude. Parecia o rambo nas barricadas do Vietnã. Pensei comigo - Porque esse senhor não está dormindo? ele devia saber que amanhã ele não vai dormir, porque aqui em Santos, turista sem noção tem mania de soltar fogos no Natal....e o bicho fica louco. Mas ele não queria comer, e nem conversar....ele estava olhando para o teto. Fazer o que, fui olhar também, de repente era a alma penada de um rato. Olhei....tinha um besouro. Cara, um besouro minúsculo, mas só de sombra parecia uma tartaruga. Imponente. Cheguei mais perto pra ver e senti o valente la embaixo dar uma miada. Ele podia ta dizendo duas coisas - O porra de moleque, sai daí, eu ja tô aqui embaixo pra ele não me ver!, ou - Mermão, sai daí que senão vai fica pequeno pra tu, o cara é grande.

Queria saber no que ia dar aquilo. Situação engraçada. Não deu outra, fui colocar um samba pra passar o tempo. Passa 5, 10 minutos e os bichos não cansam de ficar parado. Após um tempo, como que no stress de um besouro - estátua, o inseto decidiu dar uma voadinha. O gato ficou louco. Saiu debaixo da árvore com cara de fome, só faltava virar o batman.A cena era essa: preto - vermelho - preto, um gato pulando e o besouro voando. Os dois pareciam felizes, um por saber voar e outro por pensar que vai pegar. Era o natal do meu bixano. A gente gosta de comer pernil e soltar fogos e ele gosta e pegar besouros. Que bom que pelo menos ele aproveitou, porque no dia seguinte só ficou embaixo da cama.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Refugiados Locais


Devo esquecer por um punhado de tempo o que seja global, até porque quando penso em globo, lembro do mundo bola estampado em um mapa mundi. O local me soa mais íntimo. Shakespeare falava que o universo se encontra onde nós estamos. O meu no horizonte figura um pouco de céu e pessoas próximas. E no sentido pleno, isso vale para todas as coisas de todos os mundos. O nosso global chega no desejo de crescimento, seja de qual for, pelo pequeno que se é. Chega na capacidade de poder se colocar no lugar de qualquer um que está nesse chão.
Ligo a tv local. Ouço falar de refugiados. Aquelas pessoas que saem da sua terra por força política, para fugir das guerras, ou por opção religiosa. Tudo numa coisa só, são viajantes em busca de uma vida melhor. A novidade que tem é a quem vem do céu, dos mares e principalmente de nossas próprias mãos. As nuvens negras chegam em bandos maiores, mais rápidas e em qualquer céu de primavera. Os mares crescem e moramos juntos, bem perto deles. Existem pessoas que estão fugindo ou estão reféns. Acordam olhando pro céu onde a chuva pode ser uma benção de Deus ou também um pesadelo. Os que fogem de uma inundação ou de um deserto, já possuem um crachá de refugiado ambiental. Eis a grande invenção do nosso tempo, os refugiados amibientais. Essa sim, maior por todas as pessoas que tem o acesso.
Minha vó contava que era mesmo difícil uma chuva de quinze minutos alagar uma cidade. Hoje, quando jorra a água de cima ela olha da janela com olhos de novidade, olhos de uma nova invenção. Eu mesmo fico muito tempo olhando a chuva. Como pode não haver uma cachoeira em cima das nuvens? Lembrei até da história do João e o pé-de-feijão. Caramba é muita água pra ser só nuvem. Todo mundo anda pedindo um pouco mais de calma pra Deus, pra chover um pouquinho em todos os lugares. Esse negócio de aquecimento global, emissão de poluentes, o que quer dizer isso? Eu não tenho nem televisão em casa! Infelizmente quem pode decidir sobre isso são poucos , assim como aqueles únicos que tem uma chaminé bem grande. Ouço falar também de mobilização e conscientização mas ainda não sei ao certo pra quando, pois ouço já a muito tempo.
Acho que quem tem uma chaminé grande deve sentir alguma coisa também não? Bom, eu sei que esse discurso não tá na moda, mas é a única maneira no final de todas as atitudes. O que nos faz seres humanos?

Será que eles conseguiríam sentir calor, ao ver a floresta se fantasiando de deserto com um lavrador olhando para o céu amarelo e pedir uma chuva, para ter o pão na mesa da familia?

O que eles falariam a uma tribo de índios que vivem os meses sem chuva como castigo de Tupã?

O que deverá sentir uma senhora que mora a 50 anos em uma tal ilha, quando vê sua casa invadida pela praia? ´- Será que Deus quer que eu vire peixe? Devo rezar quantas vezes para permanecer na minha terra?

O que deve fazer um bicho em cima de uma árvore do Pantanal esperando a inundação acabar...ela não acaba nunca! Terá ele esperança a vida inteira? O urso polar que vê o seu chão derreter deve virar peixe ou passarinho?

Será que uma chuva de encher canelas, bundas e pescoços e igualzinho a um banho de piscina?

Nosso mundo anda meio febril...anda quente demais. Talvez tenhamos que remontar o nosso quebra-cabeça. Talvez tenhamos que começar pelas partes parecidas, pelas pessoas que se parecem.