quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Poema para minha cidade

Aos 462 anos da cidade de Santos dentro dos meus 25. Onde eu vi o mar de onde veio o passado dos meus tantos avós. Onde eu aprendi a andar, de onde vim e pra onde vou quando a vida findar. Falta experiência nos caminhos e altura para eu enxergar toda a sua história....

Das minhas palavras só seguem minhas impressões....

Aquela pequena porção de água
Que contornava a orla e cobria a areia
Trazia junto de mim e a beira de ti
Aquele segundo de canção eterna
A melodia da minha vida inteira
Dizia no instante que eras única ali
Aqui, ali, somos!

E até hoje Santos, eu não sabia...
Que tu me dizias tanto!

Do último andar das tuas pedras
Ergue-se os teus últimos olhos
Colados no papagaio que sobe
E nessa passagem eu sinto
Que tu passas dentro de mim

O sol se põe e apareço crescendo
Nas fotos dos teus jardins...

Ah Santos, como é bom
Ser pouco diante de tanto!

Se é desse chão que a poesia brota
Nos teus canais e abraços ao mundo
Como brilha o Sol nos orvalhos de tua manhã
Sobre os senhores e as senhoras do teu coração
A palavra só, a ti não comporta
Mas lança uma flecha para o amanhã
Assim, por aqui te vejo, cresço e me lanço...

Por que Santos...
Não te amar tanto!


Parabéns pelos 462 aniversários.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Carnaval

Há alguns manuscritos espalhados e um pouco juntos. Param no coração onde não consigo buscá-los. Chegam como no vai e vem do dia. Se não busco, não sei porque os vejo, meus olhos ali não existem.
No meio da semana a gente desabafa no silêncio pelos por enquantos, na segunda a gente só pensa e guarda. Na sexta a gente olha pro lado e vê o sábado como se esse sorrisse e desse cadeira, mesa e luz....

Carnaval, onde já passei por vários. Despeço-me do ano e espero o esperado tal moço velho das épocas variadas de paixões. Pessoas o rejeitam à margem, pessoas se jogam no seu meio. Pessoas à parte, ele "está" e eu gosto. Fico triste com o que fizeram de muita coisa. Passo regado a pena o presente com esperança na Mangueira e lembro do passado, do samba moleque que hoje vive em um dos seus filhos os seus 50 anos: a Bossa Nova.

Do dia 1 de fevereiro

E o amanhã será de tuas fantasias
Do amor à tua semana anual
Carnaval!
E morre a lida! E vive tuas colombinas
Tuas como se nem meus mais fossem
Os dias que brotam Patrícias, Cecílias e Marias.
Trajadas de tempo a acabar
Do amor casual! Da vida nova a começar

A tua graça é que consegues rimar
Pista de sambista, samba de passista
Rimas o copo metade cheio
Com alegria metade vazia
Chegas em cada marcha a ver
Nascer o neto, crescer o filho
E tu continuas assim
A viver e nunca morrer

Fevereiro quero te pular
Como de janeiro passei
Esperando a brincar de ti
Na praça onde posso passear
De pirata aos confetes, lembrei
Quando esqueci de mim
Nas tuas mulheres que se foram

A banda acaba
A cinza das almas pousa
Sobre o manto dos confetes
Quarta-feira de sol nasce
E morrem cordas, campos e mulheres
Copo metade fica
Cheio eu, continuo........










quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Os porcos estão a solta.

Onde está Wally? Quando eu era pequeno, ganhava aqueles livretos de vários ambientes cheios de gente, e uma certa pessoa no meio delas, de gorrinho vermelho e óculos cujo objetivo era achá-lo na multidão. Lembro de detalhes e aliás, lembrança de criança é assim mesmo até porque acabei encarnando o tal do Wally nesse Reveillon.

Não sei se é por causa do Bolsa Família, ou do recorde da bolsa, mas eu nunca vi tanto turista em Santos. E o pior que eu parecia um deles, já que era um queijo de minas fantasiado de gente. Estava lá na praia, eu e a revoada de camarões, naquela identificação de origem através das cores. Logo de cara, passei por uma dupla reclamando ao vento do pedágio, a lotação da cidade, que a serra tava pior que banco no dia 10. É engraçado como é natural se retirar do bando que chegou.....eles vieram de lá! Será que só acharam que iriam ter eles na estrada? Será que eles desconfiaram que muita gente iria vestida de branco na virada?

Andando na praia em temporada você encontra cada coisa que desanima. Pior ver a criancinha comendo terra com a pazinha, é ver o pai croquete estendido no chão depois de rolar na marola da água salgada. Esse ae ja tá temperado. O estado à milanesa não me incomoda. O que me incomoda é a sujeira de tudo que está em volta. O cidadão chega na praia às 8 da manhã e sai às 5 da tarde. Traz consigo barraca, sogra, mãe, filho, esposa, guarda-sol, isopor, cerveja, coca pela metade, pernil, chester e o arroz embalado da virada. Tão normal era a vó comendo aquele pastel de pizza pingando óleo e a molecada se batendo pelos brinquedos. Ah uma sensação de férias!! Aquele isopor-dispensa era uma maravilha. Só se via aqueles pratinhos de plástico voando de dentro com osso de pernil e papai com filhinho a milanesa fazendo a cesta do rango, frito no sol. Quando o sol se põe, a praia infelizmente fica com cenário de guerra....

A praia nessa época, só me deixa puto da vida. Eu vi de tudo. Turista adora joga frescobol na orla com aquela bolinha a 400 por hora. Nem que pra isso escape uma e acerte a cabeça de uma velhinha. Dito e feito. A mãe do esportista morreu na boca da velha. O rapaz teria espírito de porco? Talvez comesse merda quando era criança? Tenho minha dúvidas, nunca passou pela minha cabeça jogar bola no shopping lotado, o que é a mesma coisa.

A galera no fim do ano acha que pode tudo. A farofada nasce no espírito de muitos, mas muitos já detém o espírito de porco inato. E quem se fode é sempre uma velhinha, uma criança ou até um pato que está no lugar errado e na hora errada. Atravessando a avenida da praia no sinal vermelho, tranquilo, no meio do caminho e junto com uma senhora de cadeira na mão; vem o chifrudo de um motoqueiro dar aquela acelerada profissional. Vrrrummmmmmmmmm.....Senti que naquela hora faltou pouco pra não voar. A senhora, ao contrário, queria virar topeira e cavar um buraco no chão para se esconder. Largou as cadeira no chão de susto e quase teve um filho. Pra que isso né? Mas isso não se explica pra quem tem o espírito de porco. Os espíritos de porco se fortalecem quando o cidadão é mal-amado, não dá no coro em casa e a mulher ainda pula a cerca.

Voltando para casa, ainda tive de me deparar com outro que soltou o rojão que caiu na frente do 10 andar de um prédio. Outra mulher descabelada abriu a janela com cara de sono e proferiu seus devidos lagartos, cobras e crocodilos.

Ano novo e os porcos estão a solta. Bebem e se transformam em super porcos. Com respeito aos porcos que nada fazem dentro dos seus chiqueiros. Mas o esteriótipo vale.

Pena que quase sempre é assim. Um dia eu ainda asso um porco na ceia.